sábado, 11 de fevereiro de 2012

Perfil do Bibliotecário - Francijane Oliveira


Sou Francijane Oliveira. Nasci em Pedreiras-MA, em 11 de fevereiro de 1983 (precisa mesmo revelar minha idade assim?). Mudei com minha família para São Luís em 1994. 
Cheguei na melhor época para os brasileiros aquele ano: o Brasil acabava de ser tetra-campeão mundial de futebol e São Luís estava na maior euforia, toda enfeitada com bandeirinhas coloridas, que se justificavam também pelas festas juninas.
A partir daquele momento fiquei encantada com aquela cidade e como criança acha que tudo é pra sempre, pensei: é aqui onde quero ficar!
Bom, cresci. Vi que nem sempre São Luís estava alegre e enfeitada como aquele dia. 
Acabei me formando em Biblioteconomia pela UFMA (para desespero da minha mãe, que nos levou para a capital pensando que teria uma vida melhor). Desculpa, mãe.
Durante a graduação participei alguns meses do Programa de Educação Tutorial (o famoso PET, que tinha um nome bem mais ridículo do que o atual). 
Fui professora da rede municipal de ensino de São Luís por sete anos, de 2003 a 2010.
Desde março de 2011 trabalho no Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro, agora como bibliotecária.
Vamos acompanhar.

Um livro? 
Vamos ficar com um que li recentemente: Crime e Castigo, de Dostoiévski.
Mas pode ser a HQ preferida?


 Um filme?


Percebi que gosto dos filmes que tenham música e dança. Fico com Billy Elliot (encantador) e Black Swan (Cisne Negro - perturbador!)
Mas não pode ser um seriado preferido? hehe!


 Uma frase?


A frase que mais gosto é acompanhada de uma historinha:
Um sábio chinês presenteou o imperador com um livro que tinha apenas duas frases. Ao dar o livro o sábio explicou: “No momento mais triste de sua vida, senhor imperador, leia a primeira página e feche o livro. E no momento mais feliz, leia a segunda."
Tempos depois uma peste matou toda a população, a lavoura foi destruída e bárbaros invadiram as terras. O imperador lembrou do livro, abriu-o na primeira página e tinha apenas uma frase curta: “ISSO VAI PASSAR”. Convocou os conselheiros e pediu apoio para expulsar os invasores e recuperar a lavoura.
Algum tempo depois sua filha casou-se com o filho de um imperador vizinho e os dois países se uniram formando um imenso e forte império. Feliz da vida o imperador lembrou-se novamente do livro e foi direto à segunda página, onde se lia outra frase curta: “ISSO TAMBÉM VAI PASSAR!”.
A moral da história? Não devemos nos embriagar pelas grandes alegrias nem nos deixar abater pelas grandes frustrações.
Essa frase tem me acompanhado. :)


 Trabalha em que tipo de Biblioteca? 


Trabalho em uma biblioteca especializada. Biblioteca do Instituto Nacional de Cardiologia do Rio de Janeiro. Essa biblioteca pertence ao Departamento de Ensino e Pesquisa desse hospital, onde se realizam várias pesquisas, dentre elas a principal é a com células tronco (para mais informações podem acessar o site do hospital (http://www.inc.saude.gov.br).
Não há um acervo físico em uso, pois o existente está bem defasado, e por enquanto estou fazendo o levantamento do mesmo para saber o que será aproveitado e o que será descartado.
Então, o trabalho na biblioteca está concentrado em outro espaço denominado 'Biblioteca Virtual', com ênfase na pesquisa em bases de dados, onde os médicos, enfermeiros, residentes e demais profissionais do hospital realizam pesquisas de artigos, teses e outros documentos da área da saúde. Meu trabalho é auxiliá-los em tal pesquisa, explicando as ferramentas e quais estratégias de busca para que encontrem os artigos desejados; além disso, realizo pesquisas que são solicitadas por aqueles que por algum motivo não podem ir até à biblioteca para fazer sua própria pesquisa e solicitam à bibliotecária.


 Qual imagem tem do Bibliotecário?


Uma senhora de óculos, com um coque, pedindo silêncio, rsrs.
Bom, não tenho uma IMAGEM do bibliotecário, pois durante a graduação tive contato com várias "espécies" que não necessariamente atendiam a um parâmetro.


 Qual imagem acha que passa para o usuário?


A garota louca que passa o dia em frente ao computador fazendo pesquisas, rs.
Tá bom, vamos lá. Como bem enfatiza a sua pergunta, isso é um "achismo", mas de verdade mesmo não sei bem se há uma ideia definida.
Vou perguntar pra eles e depois respondo. Pode to be? :)


 O que te diferencia de outros profissionais?


Quais outros profissionais? Bibliotecários ou profissionais de outra área?
Se for em relação aos outros bibliotecários, não tenho exatamente nenhuma diferença. Uso óculos e peço silêncio.
Não vejo algo de extraordinário para citar que me diferencie desses seres da minha espécie.


 Qual o maior mico que já pagou numa biblioteca?


Mico enquanto estudante ou enquanto profissional? Enquanto estudante paguei muitos. Todos aqueles micos que calouro sempre paga.
Enquanto profissional acredito que não necessariamente mico, mas a insegurança do início, de não saber o que fazer, de ter que me virar sozinha em algumas coisas. Tudo isso aliado a estar em uma cidade desconhecida.


 Qual o seu Hobby? 


Três coisas: música, esporte (especialmente assistir jogos de vôlei) e escrever (poesias, contos, etc...)


 Qual o seu maior sonho? 


Ser governadora do Maranhão. (Pode rir. O sonho é meu)


 O que faz fora da Biblioteca?


Tem certeza que quer saber tudo mesmo?
Tudo que não posso fazer na biblioteca faço fora dela. hahaha!


 Quais ações culturais você realiza ou gostaria de realizar?


Ainda não tenho algo definido, mas será algo voltado para crianças em início de alfabetização. Como sou ex-professora de ensino fundamental fiquei com esse sentimento de voltar a fazer algo por aquelas crianças das comunidades por onde passei.
Mas quem sabe eu escreva para participar daquele quadro do Gugu "De volta pra minha terra', aí ele me ajuda a fazer isso.


 Por que escolheu o curso de Biblioteconomia?


Porque era o primeiro da lista.
Ah tá! Mas pode ser também que tenha sido pra contrariar minha mãe. Ela queria que eu fizesse Pedagogia, então o curso que achei que seria mais vergonhoso pra ela era Biblioteconomia.
Tá bom, vamos falar sério. Por incrível que pareça, essa foi a minha primeira opção.
#carasDeEspantoModeOn.
Tem uma historinha (Outra, Fran!??? Cala boca!!!). Será que irão cortar na hora de editar a entrevista? Bora lá.
Estava no 3º ano do Ensino Médio quando recebemos na biblioteca da escola uma estagiária que fazia um tal de #BiblioAlgumaCoisa na UFMA.
Seria a última etapa do PSG (sim, sou dessas) e ainda não havia escolhido para qual área iria fazer. Minha mãe estava decidida que eu fizesse Pedagogia, pois ela foi professora no interior apenas com magistério e queria que a filhinha dela conseguisse o que ela não conseguiu: o curso superior na área.
Mas, eis que no último ano apareceu essa garota e fez várias modificações na biblioteca da escola e tal, apresentou alguns projetos interessantes, blablabla whiskas...
Nós gostamos muito, ela nos falou várias coisas lindas e me iludiu (tá, tudo bem eu fui a única na escola que caiu na lábia dela. Mas tb fui a única que passei pra UFMA naquele ano. #sorrisomaquiavélico ^_^).
Achei que essa tal de Biblioteconomia era uma coisa legal, que eu não precisaria ser professora, mas de alguma forma continuaria trabalhando com o incentivo à educação através da leitura. Fim


 Quais são suas expectativas para o futuro profissional?


Minhas expectativas mudam a cada minuto. Sou inconstante. Mas, exatamente nesse momento penso que é seguir estudando, fazer mestrado, doutorado... essas coisas.
Ou talvez virar passista de escola de samba aqui no Rio e montar a Estação Primeira do Bibliosamba.


 Você acha que o campo da Biblioteconomia ainda é visto como um campo dominado por mulheres?


Sim! Tá dominado, tá tudo dominado!
Ok, não acho que seja "dominado" pelas mulheres. Há uma grande quantidade de mulheres formadas em biblioteconomia, mas não significa dizer que é dominado por mulheres. Depende do sentido desse 'dominado'.
Agora, quanto à atuação nos campos de trabalho penso que já está se equiparando. Dos poucos que conheço aqui no Rio vejo esse equilíbrio. Quanto a Brasil eu não sei. Vamos fazer essa pesquisa aí. :-)


 A melhor lembrança que teve da graduação?


A melhor lembrança mesmo foi quando após ter que ficar um semestre todo parada, por motivos de saúde, pude voltar para escrever minha monografia. E, apesar de não ser o tema que eu havia escolhido, mas um tema sugerido pela minha orientadora (a única que tinha disponível na época e fez essa caridade) aceitei o desafio e consegui cumprir essa missão. Foi um momento bem marcante.


 A melhor lembrança que teve da profissão?


Comecei há pouco tempo, então ainda não há uma melhor lembrança. Ainda é presente.


 Como você analisa o Mercado de trabalho?


Todos os anos vemos algumas pesquisas que apontam a biblioteconomia ou ciência da informação - caso queiram assim- como uma área promissora. No entanto, na realidade o maior empregador ainda continua sendo o serviço público, onde você tem estabilidade, segurança e tal (pois, bem ou mal, todos buscam isso).
Não posso falar do setor privado, pois nunca trabalhei na área e as informações que tenho são vagas, quanto a sistema de trabalho, remuneração, etc e tal.
Então, penso que o mercado de trabalho não é algo que se diga "faça biblioteconomia e não ficará desempregado", mas também não é "morra de fome, bibliotecário(a)".
Algo que parecia apenas 'discussãozinha' de sala de aula mas que é verdade é essa tendência de achar que bibliotecários estão perdendo espaço para outros profissionais, quando se trata de áreas voltadas à tecnologia da informação (e todo aquele papo de novo perfil do bibliotecário e as TICs e mais blablabla whiskas).
Existe sim alguns nichos abrindo-se, porém esses mesmos nichos podem deixar alguns profissionais de fora também. É preciso estar atento e priorizar uma formação que seja eficiente MESMO e não apenas 'enrolation'.
Só quando passamos de estudante (sonhador, romântico, que vai dominar o mundo) para profissional (que sempre tem que ir ao oftalmologista para pedir o óculos tendência do verão) é que vemos o quanto poderíamos ter aprendido. Mas a prática ensina muita coisa e isso também é bom.
Fonte: http://ascoisasdabiblio.blogspot.com/2012/02/perfil-do-bibliotecario-francijane_08.html

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